28.9.11

Clarice Lispector

"Tinha que existir uma pintura totalmente livre da dependência da figura - o objeto - que, como a música, não ilustra coisa alguma, não conta uma história e não lança um mito.  Tal pintura contenta-se em evocar os reinos incomunicáveis do espírito, onde o sonho se torna pensamento, onde o traço se torna existência."


"Hoje é noite de muita estrela no céu."


"Vejo que nunca te disse como escuto música - apoio de leve  a mão na eletrola e a mão vibra espraiando ondas pelo corpo todo: assim ouço a eletricidade da vibração, substrato último no domínio da realidade, e o mundo treme nas minhas mãos."

Água Viva.

15.9.11

Jorge Larrosa

"Parar para olhar, para escutar, para pensar.
Pensar mais devagar. Olhar mais devagar.
Escutar mais devagar. Parar para sentir.
Sentir mais devagar. Demorar-se nos detalhes.
Suspendera opinião, o juízo, à vontade, o automatismo da ação.
Cultivar a atenção e a delicadeza. Abrir os olhos e os ouvidos.
Falar sobre o que nos acontece. Aprender a lentidão.
Escutar aos outros. Cultivar a arte do encontro.
Calar muito. Ter paciência.
Dar-se tempo e espaço.

LARROSA.Jorge.Notas sobre a experiência e o saber da experiência.Conferência proferida no I Seminário Internacional de Educação de Campinas.Leituras,SME nº 4 julho/2001.p.5

Clarice Lispector

"Vou falar do que se chama experiência. É a experiência de pedir socorro e o socorro ser dado. Talvez valha a pena ter nascido para que um dia mudamente se implore e mudamente se receba.Eu pedi socorro e não me foi negado. Senti-me então como se eu fosse um tigre com flecha mortal cravada na carne e que estivesse rondando devagar as pessoas medrosas para descobrir quem teria coragem de aproximar-se e tirar-lhe a dor. E então há a pessoa que sabe que tigre ferido é apenas tão perigoso como criança. E aproximando-se da fera, sem medo de tocá-la, arranca a flecha fincada.
E o tigre? Não se pode agradecer. Então eu dou umas voltas vagarosas em frente à pessoa e hesito. Lambo uma das patas e depois, como não é palavra que tem então importância, afasto-me silenciosamente."

Água viva.
"... Porque a casa é o nosso canto do mundo.
Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo.
É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda a acepção do termo..."

BACHELARD, Gaston. A poética do Espaço. Martins Fontes. São Paulo, 2003. pg24.