8.12.10

As coisas da grama

Sente na grama.
Passe as mãos lentamente por ela.
Deite de barriga para cima.
Olhe o céu por tempo indeterminado.


Role pela grama sem vergonha.

Fique de barriga para baixo.
Repouse seu rosto no chão.
Perceba a grama com o nariz.

Sorria, se sentir vontade.
Ria, se sentir cócegas.

Deslize seu rosto  num vai-e-vem pela grama.
Sinta  a cócega da grama novamente.
Sinta seu carinho.
Permita-se  sorrir novamente.

Relaxe.


Para Yoko.

Vaziez

Acordo virada há dias.
Durmo mal.
Me comporto mal.
Assim me lembro de Marisa (Monte).
Assim, me lembro de todos.
Até dos que não conheço.

Choro calada há dias.
Acordo mal.
Me comporto como estranha.
Não me lembro de ninguém.
De ninguém.
Mas me lembro dos Teus olhos (de Camello).

sou
´

Não, não me lembro dos olhos.
De ninguém.
Não conheço os sorrisos.
Nem os risos nestes dias.
Me perdi de todos.
Me perdi de mim.

Me perder e me achar, diariamente.

Para Wally Salomão: suportar a vaziez, suportar a vaziez, suportar a vaziez.

vácuo

Passei o dia lhe esperando.
Nada.
Em qualquer idioma é igual.
Vazio.
Buraco.
Oco.

Ivete Sangalo - Teus Olhos - part. Marcelo Camelo





Teus olhos

Marcelo Camello

Marcelo Camello e Ivete Sangalo


Teus olhos abrem pra mim
Todos os encantos
Teus olhos abrem pra mim

Teus olhos abrem pra mim
Todos os encantos bons
Tudo que se quer vai lá

Eu vi na terra
Você chegando assim
Assim, de um jeito tão sereno

Ai, ai, meu Deus do céu
Eu vivo sem pensar
Se sou só

Acho que não vou mais
Agora tudo tanto faz,
meu bem
Eu vi você passar
Levando meu encanto

Caminho sem saber de mim
Eu vivo sem pensar
Se sou só
ou sou mar
Mas eu conto com você
Pois enquanto eu não me resolver
Eu vou lá, eu vou lá
Mas enquanto eu não me resolver
Eu vou lá, eu vou lá

Vanessa da Mata


O tal casal

Depois que o mal tempo foi
Eu vi você chegando
Trazia o rosto doce, bom e aliviado
Nada mais incerto
Passava também um tempo

Voltávamos a ser então o tal casal
Apaixonado, apaixonado

Gostei de ser de quem me gosta
Eu aprendi
Querendo a vida bem mais fácil
Eu resolvi
É tão melhor viver em paz
Ninguém me faz sentir assim

Agora mais que nunca somos o tal casal
Apaixonado, apaixonado

E não adianta alguém
Querer que não seja assim
Isso aqui não é o mal
E se anula por si só
E não adianta ir
Tentar se esconder, fugir
Sabedor é quem está,
Amadurece e recebe
O presente... presente...

Gostei de ser de quem me gosta
Eu aprendi
Querendo a vida bem mais fácil
Eu resolvi
É tão melhor viver em paz
Ninguém me faz sentir assim
Ninguém me faz sentir assim
Ninguém me faz sentir

Cd Bicicletas, bolos e outras alegrias

Claudina Pereira de Pereira

"Preciso informações sobre tipos de liberdades. Minha inspiração se renova a cada instante"
Citada em Entrevista: Manoel de Barros

Manoel de Barros


"Mas a gente não é apenas aspecto. Não somos uma coisa com ninguém dentro. Nossa essência precisa de ser exercida. E a gente exerce a essência como quando cria a solidão, como quando abre o amor. Se através da linguagem de nossa poesia a gente conseguir se expor, o mundo se refletirá (...)."

"Somos diferentes. Eu mexo com palavras. O outro é fazendeiro de gado. Enquanto o cidadão mantém a casa em ordem, o poeta cultiva irresponsabilidades. Eu sou rascunho de um sonho. Ele é pessoa da terra. Eu tenho um entardecer de angústias. E o outro vai pro bar se esquecer. Recebo no meu olho beijamento de águas. Me sinto um ralo de sabedoria. E o outro zomba de mim."

"De re pente uma palavra me reconhece, me chama, me oferece. Eu babo nela. Me alimento. Começo a sentir que todos aqueles apontamentos têm a ver comigo."

"Sou puxado por ventos e palavras."

"Uma folha me planeja."
"Nas profundezas da matéria desenham-se sorrisos imprecisos, germinam conflitos, engrossam formas apenas esboçadas. Toda matéria ondula de possibilidades infinitas, que a perpassam com arrepios insípidos. Esperando pelo sopro vivificante do espírito, ela transborda de si sem parar."

"Não tenho certeza mesmo quase nunca do que faço. Porque o faço com o corpo. E a sensibilidade é traideira. Às vezes tapa a visão. Eu sou demais coalescente às coisas. Não dá para tomar distância de julgador. Os versos vêm de escuros. Eu só tenho meus versos e a incerteza."

"Poeta não tem compromisso com a verdade, senão que talvez com a verossimilhança."

Encontros: Manoel de Barros.
Organização de Adalberto Müller
Apresentação de Egberto Gismonti
Editora Beco do Azougue.
Rio de Janeiro

3.9.10

Estive ausente.
Andei pensando na vida, talvez como nunca antes.
Estou de volta. Nem preciso dizer, oras.